16 de março de 2014

Subir as escadas do Castelo?

Teria tanto a falar se o que sentisse fosse maior.


A manhã chegou como num piscar de olhos. Da mesma forma que vi o sol se pôr de um lado da praia, vejo ele raiar do outro. Me pego sentada na escadaria novamente.
A última vez de que me lembro uma dúvida recobria meus pensamentos. Não sei dizer se corri ou se fiquei, se pulei ou se me fechei. Sinto apenas um alívio no peito.
Os pássaros já sobrevoam a maré alta, longe podemos ver os barcos que saíram antes do amanhecer, mas continuo olhando, tentando entender.
Com os passos calmos tento voltar a casa, abrir as janelas e deixar que a brisa leve da manhã a envolva, porem as cortinas já balançam e o cheiro da praia está por toda parte, assim como o cheiro de café fresco. É estranho ver tudo, sentir tudo...
A mesa está posta, as xícaras ainda estão viradas, e o vasinho com apenas uma rosa branca no meio de tanta coisa já começa a refletir os raios que vem de fora.
Por mais voltas que dou pela casa não consigo ver nada que me faça recordar o que se passou.
Subir as escadas até o andar superior era uma tarefa tão difícil quanto escolher aquela noite. Sinto o sangue tomar meu corpo enquanto minhas mãos vão escorregando pelo corrimão. A emoção é a mesma. Um caminho sem volta, uma ida, um talvez ficar, mas ainda continuo subindo, fazendo a última volta que dá para as portas dos quartos.
Apenas uma esta aberta, assim como as janelas do andar de baixo, sacodem as cortinas brancas, finas, deixando transparecer o sol ao acordar. O detalhe dos móveis, a cama bagunçada, e nada ali é capaz de responder a minha pergunta.
A essa altura, nem sei mais se quero uma resposta. Estar ali é tão bom. Observo cada detalhe que normalmente não perceberia. Como já disse, aqui não se pensa, apenas nos deixamos sentir, olhar, estar.
Estou sozinha, não estou? Creio que sim, mas porque então escutaria alguém chamando meu nome? Seria um sonho novamente? Uma peça que ainda tentam pregar? Não, eu realmente escuto chamarem meu nome e uma porta se fechando.
Mal conseguia ver os degraus da escada, a única coisa que importava era saber de onde vinha a voz. E sim, agora eu podia ver. Vê-lo chamando por mim pareceu algo tão claro, tão simples e natural que quando dei por mim estava tão perto, tão perto, que podia sentir sua respiração.

Importa saber o que ali se passou? Tanto faz as escolhas da noite anterior agora. Os detalhes valem mais quando nos levam ao que desejamos. Seguir o caminho, é isso o que importa. Real? Você quem diz. Qual seria a riqueza dos detalhes, os sentimentos do momento? Mentira? Apenas um sonho novamente? Quem sabe. Seria tão lúcido quanto parece?


Nada se pode dizer quanto ao futuro se mudamos a cada segundo nossas escolhas. É apenas um detalhe. É uma ação, um mísero passo onde podemos mudar todos os rumos do amanhã.

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