18 de agosto de 2011

Sem escolha

Voltei caminhando para casa. Pouco consegui ver da lua que antes iluminava o caminho. Por segundos deu vontade de sentar na mesa do bar que passava ao meu lado, pedir algo com muito álcool e deixar a noite me consumir ali.
Os carros passavam com uma velocidade tranquila, porém as luzes refletiam em meu rosto, piscando intensamente como se implorassem para que eu saísse da frente e deixasse cada um tomar seu rumo. O abre e fecha das portas, as pessoas rindo, o barulho do semáforo, o brecar dos carros parecia uma musica, impunha um ritmo para meus passos. Este ritmo que eu não conseguia acompanhar. Deixava-me levar pelas calçadas, com meus pensamentos perdidos.
Nesse momento só meu, porque a única coisa que consigo pensar é naquele instante?
Tenho quase vinte e três anos de vida e poderia pensar em qualquer coisa, ate mesmo no projeto da faculdade, na minha mãe que está longe, nos meus amigos que estou morrendo de saudades, no sorriso fácil da afilhada, no abraço do meu irmão que me faz falta. Só consigo fechar os olhos da mente e lembrar dos seus olhos em mim.
Após tantos anos, tantas palavras, um único olhar roubou meu vocabulário, sim, eu ainda tenho problemas para escrever.
Sempre foi tão fácil dissertar sobre esse sentimento. Falar de sonhos realmente é mais fácil. E da realidade? Como falar dela sem subjugar os sentimentos? Sem impor regras ou ate mesmo imaginar o futuro?
Sempre desejei tanto, e agora que o tive é complexo e perpendicular as palavras. Cada pensamento me leva para um rumo distante, onde nada parece ter sentido. Se volto a origem e tento recomeçar os pensamentos não são os mesmos e os sonhos além são completamente diferentes.
Antes achava querer, achar gostar, achava, achava, achava. Hoje sei que quero, sei que gostei e tenho certeza do que quero a diante. Em meio a todos esses "sei" a única parte que realmente importa saber e que não tenho a minima ideia é se acontece a mesma coisa do outro lado do muro...
O tempo sempre guardou surpresas do outro lado para mim, e apesar de estar querendo ver pelo buraco da fechadura o que há em frente já que não sou eu a dona da chave, vou esperar o dono abrir. O dono da chave sabe que nesse instante estou ali, mas não sabe por quanto tempo resistirei ao sol, a chuva, aos ventos.
Continuo caminhando, a porta que tenho a chave logo chegará, e essa sei que posso entrar, me jogar e descansar. Em meus pensamentos fica a porta que queria abrir, esperando a velha chance de sonhar...

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