3 de julho de 2012

Roda, brilha, roda...

"Falar é completamente fácil, quando se têm palavras em mente que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.


/Carlos Drummond de Andrade/





Ela abriu os olhos e se viu embalada pelo ritmo.
Pouco havia o que dizer, como se houvesse algo a ser dito, mas em poucos segundos ela seria jogada e trazida de volta aos braços sem qualquer medo.
Deixava-se levar por cada nota, pela melodia como se mais nada existisse a sua volta.

As luzes piscavam, os olhos se guiavam, seguiam um ao outro como se fosse algo vital. Não existia pessoas, coisas, lembranças, existia apenas o momento. Tudo se perdia diante das voltas, do aconchego, do cheiro, do abraço.
Quando tudo cessou, a luz apagou, fechou os olhos e foi jogada sobre os lençóis. Foram alguns segundos, mas o suficiente para entender.
Era capaz de sentir o cheiro que ficara em seu pensamento, o calor que ainda estava em seu corpo.

Pegou-se sorrindo, simplesmente sorrindo. A única coisa em que conseguia pensar era nos passos, nos rodopios, nos braços passando de um lado ao outro da forma mais sutil que já pudera imaginar. Abriu os olhos novamente e se esticou o máximo que pode em meio aos lençóis. Virou para um lado, para o outro, jogou os travesseiros para longe e abriu a cortina.

O dia estava lindo lá fora, sem nuvens, o sol já estava acima do esperado. No entanto para ela ainda estava em tempo. Se desejasse ainda poderia voltar aos travesseiros, fechar os olhos e sonhar novamente...

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Quando eu vejo você, A minha boca seca, A mão congela, O sangue ferve, De onde vem tanto poder (8)

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